quinta-feira, 22 de janeiro de 2015
05. Indizível
Indizível
Estão calados enquanto canto
No espaço onde vi caírem tantos
Nas vozes que selaram tratos
Estou parado e a fila anda
Tão distraído com a ciranda
Não vejo a foice ao meu lado
Que ceifa toda hipocrisia
Com seu beijo afiado
O choro da luz - invisível
A dor do silêncio - incurável
Nada do nada - impossível
Laço, laço inquebrantável
Tudo que reluz é ouro
Do que se diz, mas é claro
Que se afoga no raso
Da incompreensão, que é risível
Tudo que digo - indizível
Respeito, é óbvio:
Deixo o relógio na estante
Agora sei do nada que posso
Quis fazer tudo, quis saber tudo,
Quis poder tudo, tudo sozinho
Dizia não querer nada...
Mas pra tudo há uma palavra
Não há qual seja esconderijo...
Chegou o dia em que o brilho pousa em meu ombro
Sem despedida, sem braços eu já não aceno
Não há vacina e o vírus se aloja
Em meu corpo estraçalhado,
Confronta toda medicina
Viverá comigo
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